Adams, Petter

Hm, meu nome é Petter Hall Adams, tenho 27 anos e ganho a vida escrevendo. Sou fumante, um tanto desbocado e não faço aniversário. Na verdade, eu devo fazer aniversário. Estou aqui, não é? Mas eu não sei quando ele é. Só sei que tenho 27 anos. Não que meu aniversário importe, afinal, nunca tive ninguém para comemorara comigo.

Como contar uma história da qual eu tento me esquecer? Bem, pode-se dizer que eu não sei quando exatamente as coisas começaram a dar errado. Tudo o que eu sei, é o que me contaram quando eu comecei a querer saber do meu passado. Eu vivi toda a minha infância sem conhecer nenhum parente, até que quando eu tinha 12 anos meu tio Lewis me achou.

De acordo com meu tio, meu nome é Petter Hall Adams, eu tenho 27 anos e minha mãe era uma puta. Ah, talvez ele não tenha falado desse jeito, é. Mas esse é aquele tipo de coisa que você pega pelas entrelinhas. De acordo com ele, minha mãe... dava coisas em troca de dinheiro – o que ela dava só fui entender depois, na verdade – e por isso ninguém nunca soube quem era meu pai.

Bem, obviamente ela não conseguia cuidar de uma criança e continuar com seus serviços. Então ela me deixava na casa de uma vizinha, e saia para... hm, fazer seu trabalho. A partir desse ponto, eu não sei nada. Não sei porque eu sofri uma lesão tão forte na cabeça a ponto de esquecer de tudo, porque acordei no meio do nada apenas algumas horas depois, ou porque minha mãe nunca me procurou.

Só sei, que tendo apenas cinco anos e acordando no meio de uma plantação, sem ninguém a vista, é uma das piores coisas que podem acontecer a uma criança. Digo “uma das”, pois não sei o que – ou quem – bateu tão forte na minha cabeça a ponto de me fazer esquecer tudo, e quem me deixou ali, para morrer.

Eu lembro que eu estava cansado e com fome, mas apenas segui a estrada de areia – e quando uma mulher cuja nem sequer lembro o rosto me encontrou e me levou ao posto de saúde mais próximo, fui encaminhado a justiça.

Passei o resto da minha infância num orfanato. As crianças não gostavam de mim, eu nunca entendi o porque. Diziam que elas tinham medo de mim... por isso eu também não chegava perto de ninguém. Meu tio meu achou quando eu tinha 12, e me levou pra morar com ele. E assim, minha vida foi normal até meu tio morrer – e a mulher dele começar a infernizar minha vida. Não sei quem ficou mais feliz quando, ao terminar a faculdade, sai de casa com um diploma num bolso e US$20,00 dólares no outro.

Demorou em torno de 2 anos até que eu descobrisse meu talento para a escrita – e minha vida tomasse um rumo, finalmente. Nesses dois anos, eu cheguei a morar na rua, de tantas foram as dificuldades que passei. Apenas alguns meses atrás, meu livro acabou se tornando um viral entre os intelectualmente aptos a entendê-lo.

E agora estou aqui, com uma conta no banco cheia de dinheiro, um apartamento cheio de coisas, mas uma vida tão vazia quanto eu tinha quando eu morava na rua.